Cartório reúne inúmeros documentos que se fundem com a história do Brasil, como escrituras de compra e venda de escravos
A preservação e restauração de escrituras e livros notariais são de vital importância para a história de um país, pois esses documentos constituem a base documental de sua memória coletiva e jurídica. As escrituras e os livros notariais registram transações comerciais, transferências de propriedades, testamentos, contratos e outros atos jurídicos que são fundamentais para a compreensão das relações sociais, econômicas e culturais de uma nação ao longo do tempo.
Preservar esses documentos é preservar a história das pessoas e das instituições que contribuíram para a formação da identidade nacional. Cada escritura notarial pode revelar aspectos valiosos sobre a evolução das leis, dos costumes, e das práticas sociais em diferentes épocas. Sem esses registros, muitas dessas informações se perderiam para sempre, comprometendo o entendimento do passado e a construção de um futuro mais informado e consciente.
A restauração, por sua vez, desempenha um papel crucial ao garantir que documentos deteriorados pelo tempo, por condições ambientais adversas ou por manuseio inadequado possam ser recuperados e preservados para futuras gerações. A deterioração de materiais como o papel, a tinta e as encadernações pode levar à perda irreparável de informações, tornando urgente a necessidade de ações preventivas e corretivas.
Além disso, a digitalização e a criação de arquivos digitais desses documentos também se tornam um complemento importante na preservação, permitindo um acesso mais amplo e seguro ao conteúdo, ao mesmo tempo que protege os originais de danos adicionais.
A preservação e restauração de escrituras e livros notariais não são apenas uma questão de conservação de documentos antigos, mas sim uma questão de preservar a própria história e identidade de um país. Através desses esforços, asseguramos que as futuras gerações tenham acesso a um legado documental que lhes permita compreender e valorizar as raízes e o desenvolvimento de sua sociedade.
Assim está ocorrendo no 2º Ofício de Justiça de Nova Iguaçu, que tem como titular Gilson Sant’Anna, que explica que há muitos documentos históricos conservados na sua serventia, que servem para consulta de pesquisadores, historiadores e para a população em geral.
O delegatário produziu um documentário sobre o trabalho que está sendo realizado em sua serventia em Nova Iguaçu, no qual mostra o trabalho de um arquiteto que atua na reforma da sala onde ficam os livros restaurados e do restaurador, Landes Alves, que trabalha no ramo há cinco anos.
No vídeo, Gilson entrevista duas pessoas de grande relevância para a preservação da história do município, José Luiz Teixeira, presidente do Instituto Histórico e Geográfico de Nova Iguaçu, e Luiz Claudio Almeida, presidente do Centro de Memória Municipal, inaugurado em 2022.
“É muito importante saber como podemos contribuir e muito para resgatar a história de Nova Iguaçu, ter seu Arquivo Histórico preservado, saber que vários cuidados estão sendo tomados, desde a manutenção dos arquivos, regulagem de temperatura, umidade e até cuidado com ataques biológicos de mosquitos e outros insetos”, comenta José Luiz.
“Quero agradecer pelo convite em estar aqui hoje e acompanhar todo esse processo. É uma grata surpresa ter acesso a essa herança. É uma riqueza de fonte primária, saber que eles nunca foram tocados, a realização de um trabalho de página por página e livro por livro, preservado. São registros que mostram o levantamento da vida econômica da cidade, registram o movimento econômico, a chegada de escravos, o apogeu e o declínio da vida de uma cidade, transporte ferroviário que mudou a vida local”, afirma o presidente do Instituto.
Enquanto passeia pela área de restauração, Gilson mostra um livro de transcrição de penhor de escravos, que contém a descrição de cada um deles – Severino, crioulo, 44 anos, referente à dívida de um conto de reis e mais juros de 1% do mercado. “É toda essa história que vamos resgatar”, comenta.
Em 2022, a Câmara Municipal de Nova Iguaçu deu um enorme passo para a criação de um Centro de Memória da instituição. O objetivo do centro é promover a preservação da memória do patrimônio histórico-cultural, através da análise da legislação sobre o tema e gestão de conhecimentos.
Luiz Claudio Almeida, que trabalha no centro ficou lisonjeado com o convite para conhecer o trabalho que está sendo feito no cartório do delegatário.
“Quero parabeniza-lo por este trabalho e eu espero muito que esse registro possa ser compartilhado com as pessoas, que as pessoas possam saber desse arquivo. É uma mina rica registrada, que vai dando mais desenho para resgatar o nosso passado e trabalhar a memória da nossa cidade”, comentou.
O documentário pode ser acessado por este link: https://drive.google.com/file/d/1Qw8CP4kKNl87r0UkkqXrkq9h9E_mU8pO/view
Fonte: Assessoria de comunicação – Anoreg/RJ